SINOPSE
Sueli dá o tom. De Jesus a outra visão.
Função de orelha facilita audição: no cochicho o fuxico, no sussurro o eco, do barulho ao radar.
Cada palavra rumo
cada caminho meta
todo percurso seta
este destino sumo.
O vampiro não tem medo de crítica, antes de tudo, estudo. Das mãos de Dalton, para quem “o autor não vale um personagem”, às de muitos e memoráveis, de Temístocles Linhares e Otto Maria Carpeaux a Wilson Martins, tendo de entremeio nada menos que Paulo Paes, Mauro Machado, Silva Brito, Álvaro Cardoso Gomes, Assis Brasil, Salete Cara, Flora Sussekind, Sanches Neto e Valêncio Xavier, sem citar outros vários mestres e doutores dos estudos literários. Todos, porém, insertos no certo discurso de Sueli
de Jesus Monteiro.
A Sueli radar ouviu os discursos sobre Trevisan, organizou-os e fez deles eco, ampliando-os. Desfez fuxicos e soprou a imagem do escritor, não da pessoa. Escolha justa, já que medida de autor é obra. E assim se fez o primeiro dia da criação.
Os outros cinco, deu-os ao corpo mesmo da pesquisa: são quase 150 páginas de meticuloso levantamento de estudos sobre a obra de Trevisan, uma fortuna crítica a um tempo resenhada e posta em confronto, sempre sustentada por crivo seletivo de quem busca a essência de cada dicção. Aí se encontram em diálogo a crítica jornalística e a acadêmica, não para medida de valor entre si, mas para desenho mais justo da face do vampiro que se nega ao reflexo no espelho.
No sétimo dia, as últimas palavras revelam a humildade de quem tem mais a dizer, mas sabe que é hora de pôr a orelha no travesseiro, pois vampiro o dia dorme e a noite espera para novos sortilégios.
Juarez Poletto
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