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Estações da alma

Autor: Graciela Sanjutá Soares Faria
Páginas: 102 pgs.
Ano da Publicação: 2019
Editora: Instituto Memória
Preço: R$ 65,00

SINOPSE

APRESENTAÇÃO

 

A autora deste livro, psicóloga, professora universitária, mulher culta, viaja com autêntica sensibilidade sobre os estados da alma, a sua e as de muitas mulheres, conforme a terra faz seu giro em torno do sol e define estações climáticas e emocionais. Destaca a adulta e a menina romântica, sensível e de boas maneiras, que evoca o lar, os filhos, o cuidar de si e de outros, mas em que já prenuncia a intelectual, o compromisso com o mundo. Não nos poupa do amargo, que também é um dos sabores da vida, e na vida crianças são abusadas, pessoas sofrem, pessoas ignoram o sofrimento de outras. Nos presenteia com a doçura, parte da jornada, há muito de amor nos contos e nas poesias, há realidade, ficção, fantasia, desespero e esperança. De tudo precisamos um pouco.

E quando alguém como Graciela procura sua melhor qualificação educacional, exerce a profissão com dedicação e atenção ao próximo, é mãe dedicada e ainda trabalha com empenho para desvendar todas as estações de uma alma profundamente feminina, que se questiona sobre o amor, sobre o trabalho, sobre o redesenho possível de todos os sentimentos, podemos dizer que ela escreve como mulher.

É desse modo que também escreveram e escrevem Clarice Lispector, Cora Coralina, Cecília Meireles, Carolina de Jesus, Lygia Fagundes Telles, Ana Miranda, Giovana Madalosso, Nélida Piñon, Patrícia Melo, Eliane Brum..., mulheres. O talento, a inteligência, não têm gênero, as pessoas sim. 

Quando Freud perguntou o que, afinal, desejavam as mulheres, provocou profunda reflexão não apenas sobre o próprio desejo em si, mas também sobre aquilo que diferenciaria as aspirações masculinas e femininas. As afirmações de que a feminilidade seria uma construção social, e não algo imanente à mulher, podem ter alguma verdade, pois a par de certas características inatas (a maternidade, a lactação, a longevidade, diz Caetano), muito da chamada sensibilidade das mulheres é edificada na própria infância. Talvez para surpresa de muitos e muitas, mulheres e homens são diferentes na essência, não de marte ou vênus tampouco melhores/piores, superiores/inferiores. Diferentes.  

Até o início do século vinte o número de mulheres escritoras era muito reduzido, e embora possamos ressaltar algumas grandes exceções, pode-se considerar que essa atividade era masculina. Mulheres não eram orientadas ao estudo, apenas deveriam aprender o básico para gerir o próprio lar, ou, quando muito, serem professoras de crianças, uma das poucas profissões adequadas para uma jovem de “boa formação”. O acesso ao processo educacional mais amplo é que abre caminhos para a representação cultural, para o delineamento dos conflitos tipicamente femininos, para a consciência da quase escravidão sob a máscara de “rainha do lar”, da alienação que permite a permanência da desigualdade.

Numa sociedade ainda patriarcal, a literatura de autoria feminina e os estudos de gênero auxiliaram um novo entendimento dos papéis atribuídos a mulheres e homens, definindo um novo percurso rumo ao autoconhecimento.

Gilberto Freyre já analisava as relações entre a organização de nossos agrupamentos domésticos, comparando-os com a forma de dominação estatal. Considerava o patriarcalismo uma estratégia da colonização portuguesa, assentado na escravidão, que contaminou e continua a prevalecer na relação entre homens e mulheres, estabelecendo o arbítrio de apenas um deles como natural e desejável.

Isso, claro, se reflete nas instituições escolares, onde desde cedo são repetidos tais procedimentos, pois escolas muitas vezes apenas ecoam conflitos e preconceitos comunitários, em lugar de funcionarem como verdadeiros centros de renovação, e por este motivo precisamos de mais e mais pessoas como Graciela, magistério exercido para a inovação e reflexão.

Quase no final da segunda década do século 21 algumas questões importantes ainda não foram resolvidas a contento, entre elas os direitos das mulheres. Já conquistamos muito: a inserção da mulher no campo de trabalho, em cargos de poder/decisão, educação não sexista, serviços de saúde adequados, e também em contextos mais específicos, ou individuais, como o aumento de autoestima e autonomia, reorganização do trabalho doméstico, e outros. Há muito a conseguir, queremos, lutamos e obteremos igualdade real de direitos. Para todas as mulheres, em todos os lugares.

Igualdade de direitos significa iguais condições de partida e de acesso. Se em grande parte do ocidente as mulheres já ocupam pelo menos metade das vagas em universidades, em muitos países a educação de mulheres é dificultada ou proibida. E mesmo em nossa parte do mundo, as mulheres trabalhadoras têm, geralmente, salários inferiores aos de homens com a mesma qualificação e na mesma função.

Como professora, Graciela presta então relevante serviço à sociedade quando escreve, quando mostra claramente que a escola se revigora, se expõe, acompanha as mudanças de todas as almas, a descoberta, a revolta, a angústia, a beleza, a feiura, o amor, o ódio, todos os sentimentos humanos que, de algum modo, precisam ser expressos, e quase sempre esbarram no obstáculo intransponível entre intenção e gesto. A grande Arte é, na essência, a realização deste feito.

 

Wanda Camargo

Coordenadora de Projetos Culturais do UniBrasil Centro Universitário